Por que consagrar-se a Maria?

sábado, 1 de maio de 2021



 Vamos refletir a respeito da consagração a Nossa Senhora. Este tema  vem sendo repetido por vários santos e movimentos nestes últimos tempos. No Brasil os movimentos, além da consagração por intermédio do método exposto pelo Tratado da Verdadeira Devoção, por exemplo São Maximiliano Maria Kolbe, que fala dentro da sua tradição de espiritualidade franciscana, e só depois ele conheceu o tratado. Temos o movimento sacerdotal mariano do padre Stefano Gobbi, que fala da consagração ao Imaculado Coração de Maria. Há também o movimento apostólico de Schoënstatt a partir do pensamento do Joseph Kentenich, que fala de uma outra dimensão. Mas todos falam na mesma linha, dentro da Igreja. Há também a Legião de Maria, que fala da consagração a Nossa Senhora de modo mais ordenado, mais metódico. Há muitas consagrações marianas que falam dessa entrega a Nossa Senhora. Todos com linguagens diferentes, mas como uma sinfonia, como uma orquestra. Todos estão tocando a mesma sinfonia. O que trago é uma constatação disso. Hoje muitas pessoas estão fazendo a consagração.

Mas qual é o fundamento teológico disso? Se não colocarmos a teologia no lugar correto ficaremos apenas no devocionário.

No início da Igreja, se fala da entrega de fiéis a Nossa Senhora como servos, escravos de Maria. A palavra “escravo” é uma palavra chocante para nós no século XXI. A palavra “escravidão” é uma das analogias. João Paulo II já era seguidor de São Luís Maria Grignion de Montfort, e que já usava a palavra confiar no lugar de consagrar, mas que são a mesma coisa, são metáforas, analogias.

Onde está o fundamento teológico de tudo isso? Primeiro a fé. O dogma de fé é dar a Deus um culto, que é o culto de latria, ou seja, nós adoramos somente a Deus. Somente Deus é Deus. Ninguém mais é Deus. Os santos e Maria são criaturas. O que é então adorar a Deus? O meu nada diante de Deus, que é tudo. Quando ficamos ajoelhados estamos dizendo que não somos nada, e Deus é tudo. Só podemos nos ajoelhar diante de Deus e para Deus.

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Na Semana Santa nos ajoelhamos diante da cruz, que é o amor de Deus manisfestado por intermédio de Jesus. Esse culto a Deus também pode ser refletido por intermédio de criaturas. Por exemplo diante do confessor, se nos colocamos de joelhos diante dele, não estamos adorando o padre, mas sim a Deus que ali está. Da mesma forma, a adoração a Deus pode se dar de forma indireta com a ajuda das criaturas. Quando alguém encontra um sacerdote e beija a mão deste pecador, pela fé ele está beijando a mão de Cristo por intermédio do sacramento. Eu uso batina, e ela serve para me lembrar do ministério sacerdotal ao qual sou chamado a crer e a viver. Quando o padre está presidindo a Santa Missa, e os acólitos fazem reverência diante dele, não é ao padre que o fazem, mas a Cristo. Isso é a fé por intermédio do sacramento.

A adoração a Deus, pelo culto de “latria”, é só a Deus; e a Igreja reconhece aos santos o culto de “dulia”. A palavra “dulia” significa servo. Doulos é o escravo. Ficamos, às vezes, perplexos diante da palavra “escravos” em uma sociedade em que as coisas evoluíram. Exemplo: Quando uma pessoa sofre um acidente ela consegue pegar um atestado, isso não acontecia antes. Antes ela deveria procurar alguém que a fosse substituir ou passaria “fome”. Hoje, temos muitos recursos. Antigamente as palavras “servo” e “escravo” significavam que a pessoa se colocava debaixo da proteção, debaixo do auxílio, do patrocínio [do seu amo]. Essa realidade de nos colocar sob essa proteção era uma forma de cuidar do outro, e a palavra “escravidão” vem daí. Mas hoje a palavra “escravidão” para nós é forte. É neste sentido que o culto de “dulia” é dado aos santos. Muitos perguntam: “Por que você não vai a Deus diretamente?” Porque Deus quer usar do amor de suas criaturas. Por que você em vez de ir direto para Deus, vai para o colo da sua Mãe, receber carinho e cafuné? Porque você sabe que aquele amor também vem de Deus. Deus usa das suas criaturas, Ele quis assim.

A graça é a glória de Deus aqui na Terra. A glória é a graça de Deus no céu. Olhando para a graça e para glória, os santos merecem o nosso culto e o nosso louvor. Nós temos que louvar a Deus pelo amor que os santos fazem brotar do nosso coração. O Concílio de Trento vai responder que o santo merece a graça que nós merecemos. O mérito derivado do mérito central de Cristo. Gosto de fazer a comparação com a manga. Quem fez a manga não foi Deus? Quem deu a manga? A mangueira. Por isso eu posso agradecer à mangueira. Assim são os santos, eles são o instrumento de Deus, como a mangueira o é ao nos dar  a manga.

O culto a Deus é “latria”. O culto aos santos é “dulia”, eu me ponho debaixo da proteção dos santos. Teologicamente falando, Maria não é alguém que age só na glória como os santos, mas Maria, além da graça e da glória, age na ordem da união hipostática, que é uma graça que só Jesus tem. É a união das duas naturezas em uma pessoa. Maria, por projeto divino, por eleição e graça da escolha, foi escolhida para fazer parte dessa união hipostática, porque ela pode dizer que é Mãe de Deus. Por que ela é Mãe de Deus? Nunca perguntamos: você é mãe do quê? Mas de quem? Maria gerou um ser humano, ela não gerou uma natureza divina, ela gerou Jesus humano, mas que é Deus. A pessoa divina do Filho foi gerado, no ventre de Maria, desde toda a eternidade pelo Pai. Se Deus quisesse trazer Jesus sem Maria, Ele O teria trazido, mas Ele quis usar da Santíssima Virgem  Maria. Maria gerou a Pessoa de Deus. Eis aí o grande mistério, ela gera o Filho.

Existe uma oração que vem do Egito: “Debaixo da Vossa proteção recorremos Santa Mãe de Deus, não desprezeis as nossas súplicas em todas as nossas necessidades, mas livrai-nos sempre de todos os perigos! Ó Virgem, Gloriosa e Bendita”. Em grego, debaixo da proteção, originalmente seria: “Dentro do Vosso útero nos refugiamos Santa Mãe de Deus”. Os cristãos, desde o ínício, não diziam: “Mãe, intercede aí!” Ela é a intercessora. Mas eles dizem: “Nós nos refugiamos debaixo da vossa proteção”. Como Maria tem poder? Uma mulher que luta contra o dragão, como poderia lutar se não tivesse poder? Ela só pode ter poder graças à união hipostática.

Você precisa estar unido a Deus a tal ponto de se tornar santo. Nós precisamos ser outro Cristo, ser como Jesus. Precisamos ser tão configurados a Cristo que as pessoas vejam Cristo em nós. Tudo aquilo que a Igreja faz é gerar Cristo em nós. Com o sacramento da crisma, Deus Pai envia o Ungido para gerar Cristo em nós. Deus Pai envia o Espírito para que comunguemos o Cristo. Com a unção dos enfermos Deus Pai envia o Cristo em nós, para nos tornarmos santos e guerreiros do Senhor. No sacramento do matrimônio Deus Pai envia o Espírito Santo, para gerar o Esposo da Igreja em nós. É o resumo da nossa vida cristã.

Quando Deus Pai enviou o Espírito foi no ventre de quem? De Maria. Quando nos colocamos no ventre de Nossa Senhora, sob a proteção dela, estamos dizendo: “Maria, a senhora é a ‘padeira’, faça com que aumentem esses ‘pães’ [da fé em Deus]”.

No livro “O Tratado da verdadeira devoção” São Luís diz que Deus é quem faz e Maria distribui as graças.

Fui ordenado pelo Papa João Paulo II. Posso confessar o meu pecado: eu achava essa história de devoção mariana uma grande bobagem. Eu achava uma coisa perigosíssíma, pois levaria o povo a viver a “mariolatria”. Achava que Nossa Senhora queria tomar o lugar de Jesus, mas depois que São João Paulo II morreu comecei a acreditar mais na devoção a ela. Eu era mais da linha de Ratzinger, enquanto seguia a vida espiritual dos Bizantinos; e João Paulo II seguia os Carmelitanos, São João da Cruz e essa devoção à Nossa Senhora. Hoje afirmo que São João Paulo II olhou para mim.

A consagração a Nossa Senhora é uma consagração feita a Jesus. É uma consagração a Jesus Cristo, ao Verbo Encarnado, por intermédio de Maria. Quando nós vamos para Maria, vemos mais ainda Jesus, pois ela se esconde para que Jesus apareça.

Se você “joga fora” Nossa Senhora, você vai ficar sem Jesus. Quando as pessoas vão para Jesus e se esquecem de ir a Nossa Senhora, elas acabam deixando Jesus. Por isso nós queremos nos consagrar a Nossa Senhora.

Houve, no século XIX, dois imperadores em nossa nação. Quando Dom Pedro estava velhinho, devia passar o comando do império para a Princesa Isabel, que era devotíssima de Nossa Senhora. Mas, infelizmente, alguns grupos contrários à Igreja, impediram que isso acontecesse. Mas ela fez uma coisa belíssima, pegou suas joias e mandou para a Igreja de Nossa Senhora Aparecida, fez uma coroa e deu a Nossa Senhora. Quando, na França, perguntaram para ela: “Dona Isabel, a senhora libertou os escravos e perdeu o trono. A senhora não está arrependida?” Ela respondeu: “Se mil tronos eu tivesse, eu os perderia para dar a liberdade ao povo.”

Vejam, meus irmãos, quando somos devotos de Nossa Senhora somos ainda mais de Deus. A consagração a Nossa Senhora é uma forma de vivermos a graça batismal. 

Transcrição e adaptação: Jakeline Megda D’Onofrio.

Fonte: Canção Nova

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